Consultor carioca amplia conhecimentos de Agentes de Saúde sobre saneamento básico atrelado à saúde
Ainda são 2,4 bilhões de pessoas no mundo vivendo sem saneamento adequado
Fotos: Toninho Vieira
Com o planeta literalmente nas mãos em analogia aos cuidados urgentes dos quais o mundo precisa nos dias atuais e nas gerações do amanhã. Este foi o método encontrado para sensibilizar os Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) da rede de Atenção Básica de Lages, presentes na palestra eletrizante de Evanildo Fernando Santos de Almeida, do Instituto Trata Brasil, um evento promovido pelo Banco da Família e prefeitura de Lages, numa parceria com a organização Water.Org, com apoio da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac).
Para abranger a todos os cerca de 270 Agentes de Saúde atuantes nas áreas e micro-áreas e comunidades rurais concernentes às 28 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município de Lages, o evento se estenderá até esta sexta-feira (30 de novembro), à tarde, porém, atendeu o primeiro grupo na tarde desta quinta, no auditório do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da Universidade.
Na pauta do especialista, melhoria da qualidade de vida de famílias social e economicamente vulneráveis, modos de abordagem do assunto de saneamento básico, formas de prevenção a doenças causadas pela falta de saneamento ou déficit de água potável para consumo, como verminose, diarreia, leptospirose, febre tifoide, paratifoide, cólera, amebíase e hepatite A. “O Agente de Saúde pode ser um fator transformador. É o profissional que pode, sim, fazer a diferença, visitando as casas das pessoas, orienta as famílias, alerta, conscientiza e analisa o entorno, conquistando a confiança. Com informação, o cidadão pode se livrar de problemas de saúde”, argumenta o consultor.
O carioca Evanildo trabalha como palestrante na temática de educação ambiental. Formado em Letras, o especialista trabalha como consultor de educação ambiental em eventos, empresas e escolas. Ele viaja o país inteiro pelo projeto Gotas de Futuro, em parceria com a ex-ginasta Daiane dos Santos. “Neste projeto estou há dois anos, mas com a esportista trabalho há seis porque fazemos um outro trabalho voltado á água e energia elétrica”, comenta o palestrante.
Dos 209 milhões de habitantes do Brasil, menos da metade têm saneamento básico, sendo que destes 45% tem acesso ao tratamento dos resíduos, ou seja, conectados a uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), lançado já tratado ao rio. No Norte e Nordeste estão os piores índices de esgotamento sanitário. No Sudeste, Centro-Oeste e Sul os índices são um pouco melhores. O tema do saneamento básico é um dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODSs) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) como meta para 2030, em que vários países estão comprometidos a reverter este quadro. “Milhares de crianças morrem anualmente no mundo em decorrência da precariedade nas condições de sobrevivência, moradia em barracos cobertos com lona, sem acesso à água potável e com esgoto a céu aberto na frente de casa. O saneamento básico engloba acesso à água adequada, tratamento de esgoto, drenagem da água da chuva e coleta do lixo, pela questão dos ratos e dos mosquitos, proliferadores de enfermidades graves, como dengue, febre Chikungunya e Zika Vírus”, aponta Evanildo.
O vice-prefeito Juliano Polese, acompanhou o evento. “Todos sabemos do elo existente entre o Agente de Saúde e a gestão do serviço na Secretaria da Saúde. As informações que chegam se tornam subsídios para que tenhamos um atendimento cada vez melhor e planejarmos o que ainda precisa ser ajustado ou implantado. A capacitação permanente é essencial para nos reciclarmos e fortalecer nossas competências”, salienta. A gerente das UBSs, Tatiane Matos, observa que, “os Agentes lançam um olhar diferenciado sobre os mais vulneráveis, eles precisam da gente mais do que muitos outros. Seguimos os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e o acolhimento e escuta são constantes, diários e de porta em porta. Os profissionais ACSs representam a comunidade perante a gestão da rede. ”
A presidente do Banco da Família, Isabel Baggio, foi uma dos anfitriões. “O principal motivo da existência do Banco da Família é a melhoria da qualidade de vida das pessoas, das suas moradias, dos estudos, dos negócios, da cidade onde estamos. Temos representações em Lages, onde estamos há 20 anos, onde tudo iniciou e hoje temos filiais em outras cidades da Serra, Meio-Oeste, Rio Grande do Sul e Paraná, priorizando sempre o bem-estar das famílias através do nosso trabalho de organização do 3º setor, com atuação baseada no microcrédito.” O evento contou também com a presença da maquiadora e sensação do humor no momento, Day Lima, a Creide.
Um salto de 25% para 75% de esgoto coletado e tratado
Lages, atualmente, com seus 160 mil habitantes e cerca de 90 mil residências e estabelecimentos comerciais, possui 25% de seu esgoto coletados e tratados. Com a conclusão da ETE do Complexo Araucária, subirá para 50% até o primeiro trimestre de 2019, e tão logo esteja pronto o Complexo Ponte Grande, maior obra viária e de saneamento básico da história do município, em dois anos se alcançará 75%. “Por isto que esta parceria é fundamental, para mostrar que, ao estar pronta a Estação de Tratamento, os cidadãos fazer a conexão à rede de esgoto. É uma semente nesta união. Assim como Lages, outras cidades estão querendo mudar os dados, aumentar o percentual de esgoto coletado e tratado. Parabéns para Lages”, elogia Evanildo.
Dados no Brasil
Coleta
- 51,92%da população têm acesso à coleta de esgoto
- Mais de 100 Milhõesde brasileiros não têm acesso a este serviço
- Mais de 3,5 milhõesde brasileiros, nas 100 maiores cidades do país, despejam esgoto irregularmente, mesmo tendo redes coletoras
disponíveis - Cerca de 13 milhões de crianças e adolescentes não têm acesso ao saneamento básico
- 3,1% das crianças e dos adolescentes não têm sanitário em casa
Dados por região
No Norte, a coleta de esgoto é de 10,45%
- O Nordeste coleta 26,79% dos esgotos
- 78,57% dos esgotos no Sudeste são coletados
- O índice de coleta de esgoto no Sul é de 42,46%
- O Centro Oeste coleta 51,52% dos esgotos
Tratamento
44,92%dos esgotos do país são tratados.
- A média das 100 maiores cidades brasileiras em tratamento dos esgotos foi de 50,26%. Apenas 10 delas tratam acima de 80%de seus esgotos
Dados por região
O tratamento de esgoto é de 18,3% na região Norte
- O Nordeste trata 36,22% dos esgotos
- O esgoto tratado no Sudeste é de 48,8%
- O Sul trata 43,87% dos esgotos
- O índice de tratamento de esgoto é de 52,62% no Centro Oeste
(Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS 2016)
Estudo Trata Brasil “Ociosidade das Redes de Esgoto - 2015”
Unicef - Pobreza na Infância 2018)
Estudo Trata Brasil “Ociosidade das Redes de Esgoto - 2015”
Unicef - Pobreza na Infância 2018)
Dados no mundo
270 mil crianças morrem durante o primeiro mês de vida por conta de condições como a prematuridade, que poderia ser prevenida por meio do acesso à água tratada e ao saneamento
- Ainda são 2,4 bilhões de pessoas no mundo vivendo sem saneamento adequado
- A meta para a redução de pessoas que não possuem acesso ao saneamento adequado não foi atingida
- Em 2015 68% da população mundial tem acesso ao saneamento adequado, contra os 77% esperado dos ODM
- 2,1 bilhões de pessoas passaram a ter acesso a um saneamento adequado, desde 1990
- 82% da população urbana tem acesso ao saneamento, contra 51% da população rural
- São 7 pessoas em cada 10 vivendo sem saneamento adequado
Organização Mundial de Saúde (OMS) e Unicef, 2015
“Atlas on Children’s Health and the Environment“ - WHO 2017
Progress on Sanitation and Drinking-Water”, 2015 - (OMS)/Unicef Organização Mundial da Saúde (OMS) e Unicef, 2015
“Atlas on Children’s Health and the Environment“ - WHO 2017
Progress on Sanitation and Drinking-Water”, 2015 - (OMS)/Unicef Organização Mundial da Saúde (OMS) e Unicef, 2015
PML
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