Pluviógrafo aponta acúmulo superior a 240 milímetros de chuva em apenas cinco dias em Lages
Há um aparelho situado em uma fazenda, no Painel, e outro no campus da Udesc, em Lages
Fotos: Marcelo Pakinha
Agentes da Defesa Civil de Lages acompanharam, na tarde desta quinta-feira (1º), o monitoramento de pluviógrafos localizados no campus do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), e outro, em uma fazenda no município de Painel, localizada a cerca de 17 quilômetros de Lages. O trabalho foi realizado pelo componente do Projeta Jr. e acadêmico da 7ª fase de Engenharia Ambiental da Udesc, Lucas de Bona Sartor, com suporte dos agentes de Defesa Civil, João Eduardo da Silva Pacheco (Sargento Pacheco) e Leo da Luz Moreira.
Em Lages, o aparelho, que custa cerca de R$ 25 mil e foi fornecido pelo Cemaden, indicou que, entre os dias 27 de maio (sábado), dia em que iniciaram as chuvas torrenciais no município, e 1º de junho (quinta), houve acúmulo pluviométrico de 241,8 milímetros, sendo que somente no dia 27 foram 72 milímetros. Já no período de 20 de maio a 1º de junho houve o registro de 317,2 milímetros de chuva. Lembrando que pode haver variações nas medições, em ralação a outros institutos, devido ao local onde estão instalados os aparelhos.
Enquanto isto, no pluviógrafo instalado em Painel, do dia 27 de maio a 1º de junho, o registro foi de 208,2 milímetros, sendo 73 milímetros somente no sábado. Entre 20 de maio e esta quinta, houve acúmulo de 267,4 milímetros.
O que é pluviógrafo?
O pluviógrafo consiste em um aparelho semiautomático, fornecido pelo Cemaden.
De acordo com Lucas de Bona Sartor, o trabalho permanente tem a finalidade de contribuir para a produção de uma série histórica de dados essenciais para ações de cautela e prevenção relacionados a eventos futuros. “No próximo ano, neste mesmo período da estação, será possível identificar e acessar as informações de 2017.”
Quinzenalmente, dois universitários voluntários do Projeta Jr., Lucas e Guilherme Steffen, fazem a verificação junto ao pluviógrafo no CAV e seguem também para Painel, com apoio direto da Defesa Civil, para realizar a manutenção preventiva do equipamento com verificação do bom funcionamento do pluviógrafo a partir da averiguação do pulso elétrico com o uso do alicate amperímetro digital (multímetro); teste de tabela de campo para notar se está tudo certo com o local cercado onde está fixado o aparelho (ausência de sujeira, presença de insetos ou outros bichos, planície do gramado, e calibragem da estrutura.
Além disto, o acadêmico coleta os dados via USB, com transferência para um notebook. Portanto, o recolhimento das informações numéricas independe de Internet. O equipamento transmite os dados para um Datalogger. Este, por sua vez, encaminha os dados através de pulso elétrico. O índice pluviométrico é registrado de hora em hora. Em uma segunda linha de frente, duas acadêmicas do mesmo curso, Laís Sartori e Cindy Mendes, acessam estes mesmos dados, verificam sua consistência, geram relatórios elaborando e formatando planilhas e gráficos a serem impressos, encapados e encaminhados à Defesa Civil para controle.
Lucas adianta que há novidades positivas sobre este trabalho direcionado à meteorologia. O projeto iniciou em 2015, foi renovado e será possível Lages contar com mais um pluviógrafo a ser instalado em local a ser definido. A partir de então poderão prestar manutenção ao sensor hidrológico de nível desenvolvido pelo próprio CAV/Udesc, através do professor do departamento de Engenharia Ambiental, Silvio Luiz Rafaeli Neto, e localizado no terço superior da bacia do rio Caveiras, no Painel. Por fim, os acadêmicos poderão enfatizar e colocar em prática um plano de educação ambiental sobre a conservação da plataforma de coleta de dados hidrológica automática, com custo de R$ 60 mil, disponibilizada pelo Cemaden, localizada na ponte de divisa dos bairros Bom Jesus e Caça e Tiro. Esta plataforma registra dados de volume de chuva, nível do rio e de fotografias, com envio automático para o site do Cemaden.
O sensor do rio Caveiras
Com o sensor hidrológico do rio Caveiras é possível saber se as águas do rio irão subir com seis horas de antecedência devido a grande intensidade das chuvas. Isso permite ampliar os cuidados junto às famílias ribeirinhas, já que as águas do rio Carahá desembocam no Caveiras e quando há o represamento ocorrem problemas como enchentes e alagamentos de vias urbanas, casas e estabelecimentos comerciais. Com o sensor, a altura do nível da água pode ser transformada em vazão, permitindo saber o volume pluvial que desce do Caveiras para a planície de inundação. Dotados do índice de vazão, somados outros dados, serão calibrado um modelo hidrológico e hidráulico, ocasionando a elaboração e desenvolvimento de um sistema de alerta à população abrangida por estas áreas. O aparelho é importado e custa 18 mil, através de um convênio com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Pluviômetros
Já o aparelho de meteorologia usado para recolher e medir, em milímetros lineares, a quantidade de líquidos ou sólidos (chuva, neve, granizo) precipitados durante um determinado tempo e local denomina-se pluviômetro. O índice é medido em milímetros e consiste no somatório da precipitação num determinado local durante um período de tempo estabelecido. Lages conta com pluviômetros automáticos e semiautomáticos instalados em pontos estratégicos para medição de índices acumulados de chuva.
Vistoria contínua
A Defesa Civil realiza o monitoramento contínuo do nível do rio Carahá. Mais precisamente na ponte de divisa dos bairros Bom Jesus e Caça e Tiro, há uma régua em um dos pilares. Às 15h desta quinta, a régua demonstrava a marcação de 6,10 metros. O volume de lixo exposto nas margens e pilares do rio é intrigante e faz o problema se agravar ainda mais. Ainda há pontos de interdição ao trânsito de veículos.
Defesa Civil Lages.
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